Quem sou eu

Somos Ellen Figueredo e Lílian Pereira, discentes da disciplina EDC 286: Avaliação da Aprendizagem, ministrada por Robinson Tenório e Andréia Silveira. Criamos esse espaço com o objetivo de abordar "o que é avaliação" sob várias perspectivas, até chegarmos àquela que acreditamos ser a mais completa: a visão inclusiva, que tem como foco a melhoria do processo do ensino-aprendizagem, e na qual o aluno é visto como centro do processo educativo.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dimensões da avaliação: um breve panorama


Na postagem anterior, abordamos algumas concepções referentes à avaliação que contemplavam pelo menos duas formas de entendê-la: a positivista e a dialógica. Agora, caminhamos para outra concepção, que acreditamos ser a mais coerente: a inclusiva. Para tanto, faremos uma breve abordagem de como se pensou a avaliação e o seu planejamento até chegarmos à concepção inclusiva, por meio das obras de Guban e Lincon resgatadas por Robinson Tenório e Uaçaí de Magalhães Lopes.
Egon Guba e Yonne Lincoln na obra A quarta geração da avaliação (1989 identificaram características da avaliação originadas do seu processo histórico de construção e reconstrução. Essas características foram chamadas de gerações. Na primeira geração, acreditava-se que “avaliar era um grande teste de memória dos estudantes” (TENÓRIO; LOPES, 2010: p. 55) e que o conhecimento era mensurável, tornando-se assim a medida fatores de ordem quantitativa, como característica principal, não havendo distinção entre o ato de avaliar e medir. Na segunda geração, a diagnose era de ordem qualitativa, não mais quantitativa como na primeira. Nesta etapa, o ato de avaliar passa a ser uma relação de comparação entre o desempenho e os objetivos. Na terceira geração, “o caráter avaliativo avança para além da mera obtenção de dados” e toma como foco “a obtenção de informações que possibilitem a tomada de decisão” (p. 56). O sistema de avaliação passa a ter como foco o julgamento, no qual o avaliador deixa de ser um técnico que utiliza diversos instrumentos para a medição e assume o papel de julgador. Após a composição dessas três gerações, Guba e Lincoln identificaram lacunas e defeitos nas gerações criadas, tais como: tendência ao gerencialismo, falha ao acumular o pluralismo de valores e paradigma científico supervalorizado. Como alternativa para isso, os autores criaram o modelo de Avaliação Construtivista Responsiva. Neste modelo, a proposta é de haver parâmetros e limites de forma interativa em um processo negociado, envolvendo interessados e clientes” (p. 58). Nesta proposta, os avaliados poderão ter uma participação no processo avaliativo e neste, a metodologia passa a ser hermenêutica, porque envolve uma continuidade e interação dialética juntamente com uma análise crítica e re-análise.
A partir da concepção de avaliação como medida (1ª geração), como verificação de objetivos (2ª geração) e como julgamento (3ª geração), na quarta geração a avaliação é vista como negociação. Como complemento a este processo, os autores Robinson Tenório e Uaçaí de Magalhães Lopes introduzem outro conceito que estende essa ação avaliativa: a melhoria do processo. Nesta nova etapa, a concepção de avaliação é vista como um compromisso com a sustentabilidade. Levando em conta que cada etapa do processo avaliativo seguinte complementa a anterior e que estas não são conceitos independentes, esses mesmo autores propõem uma nova terminologia para o conceito de geração: a dimensão. Considerando que “avaliar é o diagnóstico para a tomada de decisão com vistas na melhoria do processo” (p. 65), os autores elaboraram um mapa conceitual que permite uma melhor compreensão dessas etapas:


Fonte: TENÓRIO; LOPES, 2010: p. 65

No paradigma da sustentabilidade, os autores propõem alguns complementos no que diz respeito à ontologia, à epistemologia e à metodologia. Ao passo que no paradigma construtivista a ontologia é relativista, na qual admite realidades múltiplas definidas dentro de uma construção em que existia consenso, no paradigma da sustentabilidade a ontologia é ecológica: há realidades múltiplas e os conceitos são construídos não só socialmente, mas também através de indivíduos complexos. O avaliador, nessa quinta dimensão, avança para além do papel de controlador, colaborador e observador passivo: ele passa a ser um ator êmico, que inclui o sujeito na mudança da decisão sendo este responsabilizado. A epistemologia, na crença construtivista, é subjetivista monista, na qual as criações são efetivadas pelo investigador e investigado através de uma inter-relação. Já na crença da sustentabilidade, não existe um investigador e um investigado, mas sim a avaliação realizada através de uma complexa “relação indivíduo/mundo, que estão interligados em redes muitas vezes não claras”. (p. 69). Na metodologia da crença da sustentabilidade, aquela não é apenas hermenêutica, envolvendo uma continuidade, interação dialética, análise crítica e reanálise, como na crença construtivista; ela, além disso, mantém um compromisso com o resultado alcançado.
Com a inserção dessa nova dimensão, o planejamento da avaliação passa a assumir um compromisso com os interessados e a sociedade, não apenas exigindo um diagnóstico e uma decisão, mas também um comprometimento com a sustentabilidade dos resultados.

Referência:
TENÓRIO, Robinson Moreira; LOPES, Uaçaí de Magalhães (orgs). Avaliação e gestão: teorias e práticas. Salvador: EDUFBA, 2010.

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