Quem sou eu

Somos Ellen Figueredo e Lílian Pereira, discentes da disciplina EDC 286: Avaliação da Aprendizagem, ministrada por Robinson Tenório e Andréia Silveira. Criamos esse espaço com o objetivo de abordar "o que é avaliação" sob várias perspectivas, até chegarmos àquela que acreditamos ser a mais completa: a visão inclusiva, que tem como foco a melhoria do processo do ensino-aprendizagem, e na qual o aluno é visto como centro do processo educativo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

I Seminário sobre Equidade na Educação Superior

Olá, gente! Nesta quarta-feira, 15 de junho de 2011, haverá o I Seminário sobre Equidade na Educação Superior, a ser realizado no auditório da Faculdade de Administração da Universidade Federal da Bahia, localizado no Vale do Canela. Neste evento, teremos presenças ilustres, como os professores doutores Robinson Moreira Tenório, Rosilda Arruda, Naomar de Almeida e a reitora Dora Leal. Para maiores informações, acessem o link abaixo:

Não deixem de participar, além de conhecimento, ganha-se também certificado!

Indicações de Leitura

Oi, pessoal! Andamos pesquisando e encontramos alguns textos legais que tratam sobre a avaliação da aprendizagem. Alguns deles são de autoria de Cipriano Luckesi, que tem um site próprio, cheio de artigos e indicações de obras publicadas a respeito do assunto. Um artigo muito bom, por exemplo, é Avaliação da aprendizagem... mais uma vez, no qual o autor traz indagações como Qual será a pedagogia que está por detrás da atividade escolar que se centra na preparação dos estudantes quase que exclusivamente para o vestibular, que é um exame?” e discorre sobre a diferença entre examinar e avaliar, apontando, por exemplo, a diferença do comportamento das crianças sobre o que foi aprendido em sala de aula. Segundo Luckesi, antes, as crianças valorizavam mais a novidade do que foi aprendido e hoje, elas se preocupam excessivamente com as notas.
Não deixem de dar uma olhadinha neste artigo que está no site abaixo:  


Indicamos também para leitura, o livro de Robinson Tenório e Uaçaí de Magalhães Lopes, que foi o que mais utilizamos, até agora, como referência para as nossas discussões:




Boa leitura e até a próxima!

domingo, 5 de junho de 2011

Avaliação como aliada da aprendizagem

Usar avaliações como modo de classificar, rotulando quem é o aluno “bom” e o “ruim”, como vimos até agora, apenas os afasta da possibilidade de criarem novos conhecimentos junto com o professor. Além disso, avaliar com o intuito de ameaçar e disciplinar, segundo as concepções as quais seguimos, tornou-se um modelo ultrapassado, pois vai contra ao propósito de fornecer aos estudantes um meio de progredir. A ideia é que o docente consiga o máximo de aproveitamento da turma. Para isso, muitas vezes, precisa usar de vários instrumentos a fim de que a turma inteira consiga compreender os assuntos. Em verdade, acreditamos que a avaliação é uma das grandes ferramentas que permite ao professor julgar como vai o seu trabalho perante aos alunos, o quanto eles estão crescendo com as aulas e se conseguiram aprender. Caso seja detectado que alguém está pelo caminho, é papel urgente do educador recuperá-lo. Queremos, pois, diminuir essa ansiedade ainda presente entre muitos docentes de valorizar o que consideram “certo” e riscar, sem piedade, o que acham “errado”. Lutamos para que essas categorias não sejam tão fixas e seguidas à risca, mas que sejam mostradas aos alunos possibilidades diferentes daquela que ele usou, pois assim não se sente incapaz ou desvalorizado.

Na “nossa” sala de aula, o professor não é o protagonista: ele divide esse cargo com a turma inteira, criando uma parceria indissociável. Logo, a negociação também é um elemento fundamental, já que o aluno precisa de seu professor e o trabalho do professor não tem sentido sem seus alunos. Dessa maneira, pretendemos ser mais uma gotinha no oceano das velhas tradições e, através de pequenos gestos, como a divulgação de uma nova forma de pensar avaliação, conseguir mudar a conduta de muitos profissionais da educação em relação a esse assunto. Desejamos, pois, eliminar o conceito de avaliação que castiga e pune e a satisfação do professor de assistir a uma turma inteira perder em sua disciplina. Avaliar torna-se um desafio constante para aqueles que não se conformam em deixar algum aluno para trás. Talvez, pelo costume da comodidade, seja ainda difícil conquistar professores que já lecionam para contribuir e efetivar a nossa luta. Lutar, pois, pela conquista de todos, não é fácil, mas o que se tem certeza é de que vale a pena!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Retomando alguns conceitos...

E então, nós entendemos até o momento que:


Avaliação da aprendizagem é...
Um processo em que todos os interessados devem estar envolvidos para que se obtenha a melhoria quantitativa e qualitativa da aprendizagem.

O que queremos?
Ir muito além da origem latina da palavra “avaliação” (a + valare), que significava atribuir valor e mérito ao objeto estudado.

A palavra é...
Inclusão. Almejamos a avaliação como um processo que vise à inclusão e jamais a exclusão dos alunos. A avaliação funcionando como “compromisso com a sustentabilidade”. (TENÓRIO).



O papel do professor é...
Trabalhar pelo sucesso de todos, lutando para que nenhum aluno fique prejudicado, no meio do caminho.
E quando algum aluno não acompanha o processo, a falha não é exclusivamente de uma das partes
Em nossa concepção, a avaliação é um espelho que reflete o trabalho do professor em cada aluno. É importante que discentes e docentes se unam para solucionar os problemas que, eventualmente, apareçam.
Feito o diagnóstico, passamos à tomada de decisão... E que decisão seria...
Mais uma vez afirmamos que uma tomada de decisão no sentido de que todos possam construir conhecimentos e se sintam incluídos no processo, já que a exclusão e a reprovação também são consideradas uma tomada de decisão, mas não a que utilizamos aqui.

Avaliação e Planejamento: Qual a relação entre eles?

O planejamento é fundamental para que se tenha uma avaliação eficiente e condizente com o trabalho do professor. É “um grande instrumento de implementação de uma atividade” (Tenório), visto que é através dele que podemos prever certos acontecimentos durante o processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, o planejamento é indissociável da avaliação e é a partir dele que criamos as diretrizes que nos guiarão. Por exemplo, o primeiro elemento importante no momento de criar o planejamento é: O que precisamos avaliar? Significa, pois, que é necessário ter os objetivos bem formulados, antes de qualquer coisa. Ou seja, os primeiros elementos a serem bem definidos na prática docente são os objetivos, para que, a partir da demarcação deles, haja uma organização de todo o resto. A partir daí, podemos nos questionar: Qual a melhor forma de mostrar isso? Quais os instrumentos poderão me apoiar? Quando avaliar? Questionamentos esses que surgem quando temos uma prática docente na qual se considera o aluno como parceiro e como elemento fundamental. Depois, de feita a avaliação, é importante que se pergunte: O que fazer com as constatações? E então utilizamos a tomada de decisão a fim de conseguir a melhoria do processo.

Mais uma vez, para ilustrar, fizemos um pequeno esquema da avaliação e o tripé que a sustenta, segundo Tenório:

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A avaliação da aprendizagem para uma prática de ensino de qualidade

Olá pessoal!! Encontramos um texto super legal de Irandé Antunes em seu livro Aula de Português: encontro e interação e vamos dividir com vocês. Ele está no capítulo Redimensionando a avaliação. Para que fique um pouco divertido, fizemos uma brincadeira: simulamos que estávamos entrevistando a autora Irandé Antunes. Esperamos que gostem!!!

Ellen - Qual a ligação entre o processo de ensino- aprendizagem e a avaliação?

Irandé - No processo de ensino-aprendizagem escolar, o ensino e a avaliação se interdependem. Não teria sentido avaliar o que não foi objeto de ensino, como não teria sentido também avaliar sem que os resultados dessa avaliação se refletissem nas próximas atuações de ensino. Assim, um alimenta o outro – tudo, é claro, em função de se conseguir realizar o objetivo maior que é desenvolver competências nos campos que elegemos.

Lílian - Explique melhor sobre essa interdependência... Ela tem sido valorizada nas salas de aula?

Irandé - Na rotina de nossas atividades escolares, o fio dessa interdependência parece ter-se rompido e, desse modo, avaliação e ensino nem sempre guardam essa reciprocidade. Com grandes prejuízos para o ensino, pois, em muitos casos, a avaliação passou a ser uma espécie de finalidade: a aula é dada para preparar a prova; o livro é lido porque “é pra nota”; a literatura é consultada porque “cai no vestibular”, e assim por diante. Estuda-se para... “uma prestação de contas”, que pode ser mensal, trimestral, anual, no final do ciclo etc. Daí ser o termo “cobrar” uma expressão bem corrente no discurso da escola, o que bem claramente denuncia esse lado mercadológico do ensino. É mais do que oportuno, pois, perguntar-se sobre os “descaminhos” da avaliação e decidir por uma mudança de rumo, mudança que tem suas origens na revisão de nossas concepções. Sim, porque mudar, seja o que for, tem que começar pela revisão de nossos fundamentos conceituais. Se não, muda apenas o palavreado, muda apenas a fachada...

Ellen - Em geral, como são as “avaliações” feitas nas salas de aula do Brasil e com que propósito?

Irandé - Por muitas razões, razões disciplinares inclusive, o processo de avaliação escolar converteu-se num instrumento de seleção dos alunos, apenas conforme os graus (traduzidos numericamente) de seus desempenhos. Com matéria e data marcadas, os “testes”, as “provas” acontecem, exatamente para isso: para que se teste, para que se prove; normalmente, com honrosas exceções, para que se prove o que ficou na memória. Tudo de acordo com a política assumida na hora da aula “dada”: “passa-se” uma informação que é “devolvida” no dia da prova, por vezes, literalmente desenvolvida.

Lílian - Essa visão de avaliação tão antiga, ainda compõe o nosso sistema educacional?!

Irandé - Recentemente, um comercial transmitido pelas emissoras nacionais de televisão me chamou a atenção, pelo modelo de aprendizagem escolar que estava lá sutilmente embutido, inclusive o modelo de professor também. O comercial constava da seguinte cena: um menino está sentado, estudando; a campainha toca e uma voz lá de dentro diz que “deve ser a professora” do filho. De fato, o pai abre a porta, e entra a professora que logo se dirige ao menino, perguntando se ele “aprendeu direitinho a lição”, conforme ela ensinou. O menino diz que sim, e aí a professora começa a interrogá-lo. O menino vai respondendo às perguntas, uma a uma, sem hesitação, com uma certeza dogmática de quem afasta qualquer possibilidade de hesitação, de dúvida ou de questionamento. Tudo transparente, tudo posto, tudo certo, acabado, resolvido, estabilizado. Eu me perguntava sobre que concepções de escola, de aprendizagem, da intervenção do professor passam (naturalmente) pelas peças desse jogo, que de inocente não tem nada. Que concepções de avaliação estão aí implicadas nesse pingue-pongue de perguntas e respostas? Onde é que está o professor que faz pensar, que leva o aluno a perguntar, a contestar, a acrescentar? Que tipo de cidadãos estamos querendo formar com esse procedimento simplista da aceitação pacífica e mnemônica do que a autoridade nos diz? Mesmo que digamos o contrário, essas encenações, as reais e as fictícias, falam da nossa visão distorcida do que seja ensinar e do que seja verificar ou avaliar se o aluno conseguiu assimilar o que lhe propomos.

Lílian -  E de que precisamos, a final?

Irandé - Falta rever nossas concepções de avaliação, a fim de desgrudá-las de uma finalidade puramente seletiva – quem passa, quem não passa de ano – e instituir uma avaliação em função da aprendizagem. Uma avaliação, portanto, que seja uma busca dos indícios, dos sinais da trajetória que o aluno percorreu, o que, por outro lado, serve também de sinal para o professor de como ele tem que fazer e por onde tem que continuar.

Ellen - Então, a senhora propõe que os indícios encontrados durante um processo avaliativo representam não só os alunos, mas também os professores?

Irandé - Na verdade, pela avaliação deveria ficar evidente para o professor que coisas ele ainda precisa trazer para a sala de aula como matéria de análise, reflexão e estudo. O professor avalia o aluno para também, de certa forma, avaliar seu trabalho e projetar os jeitos de continuar. Daí que a avaliação não é apenas um evento isolado, previsto no calendário da escola, depois do qual tudo é retomado tal como estava pensado, sem que os resultados alcançados sirvam de algum suporte para futuras decisões.

Lílian - É possível implementar nas escolas brasileiras um sistema de avaliação cujo objetivo seja a melhoria do processo e não só o diagnóstico dele?

Irandé - Felizmente, algumas escolas já têm descoberto novos padrões de avaliação a serviço da regulação das aprendizagens, como propõe Perrenoud (1999:10) e a “tortura” dos dias de prova tem dado lugar a muitas oportunidades para que o aluno se observe e reveja o que pode alcançar em seu desenvolvimento e o que o impediu de fazê-lo com maior êxito.

Referência:
ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003. p.155-158.


Queremos mostrar a vocês que existem realmente escolas preocupadas em mudar as formas de avaliação e suas concepções e o processo de ensino-aprendizagem, como um todo Assistam agora ao seguinte vídeo, retirado de uma matéria do Jornal Nacional do dia 13 de maio de 2011. Veremos que, mesmo em uma instituição cuja estrutura física não é excelente, com vontade, coragem e determinação, o corpo docente consegue mudar as perspectivas dos alunos e seu interesse pelas aulas, o que, consequentemente, acarreta uma melhora do desempenho do estudante.


quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dimensões da avaliação: um breve panorama


Na postagem anterior, abordamos algumas concepções referentes à avaliação que contemplavam pelo menos duas formas de entendê-la: a positivista e a dialógica. Agora, caminhamos para outra concepção, que acreditamos ser a mais coerente: a inclusiva. Para tanto, faremos uma breve abordagem de como se pensou a avaliação e o seu planejamento até chegarmos à concepção inclusiva, por meio das obras de Guban e Lincon resgatadas por Robinson Tenório e Uaçaí de Magalhães Lopes.
Egon Guba e Yonne Lincoln na obra A quarta geração da avaliação (1989 identificaram características da avaliação originadas do seu processo histórico de construção e reconstrução. Essas características foram chamadas de gerações. Na primeira geração, acreditava-se que “avaliar era um grande teste de memória dos estudantes” (TENÓRIO; LOPES, 2010: p. 55) e que o conhecimento era mensurável, tornando-se assim a medida fatores de ordem quantitativa, como característica principal, não havendo distinção entre o ato de avaliar e medir. Na segunda geração, a diagnose era de ordem qualitativa, não mais quantitativa como na primeira. Nesta etapa, o ato de avaliar passa a ser uma relação de comparação entre o desempenho e os objetivos. Na terceira geração, “o caráter avaliativo avança para além da mera obtenção de dados” e toma como foco “a obtenção de informações que possibilitem a tomada de decisão” (p. 56). O sistema de avaliação passa a ter como foco o julgamento, no qual o avaliador deixa de ser um técnico que utiliza diversos instrumentos para a medição e assume o papel de julgador. Após a composição dessas três gerações, Guba e Lincoln identificaram lacunas e defeitos nas gerações criadas, tais como: tendência ao gerencialismo, falha ao acumular o pluralismo de valores e paradigma científico supervalorizado. Como alternativa para isso, os autores criaram o modelo de Avaliação Construtivista Responsiva. Neste modelo, a proposta é de haver parâmetros e limites de forma interativa em um processo negociado, envolvendo interessados e clientes” (p. 58). Nesta proposta, os avaliados poderão ter uma participação no processo avaliativo e neste, a metodologia passa a ser hermenêutica, porque envolve uma continuidade e interação dialética juntamente com uma análise crítica e re-análise.
A partir da concepção de avaliação como medida (1ª geração), como verificação de objetivos (2ª geração) e como julgamento (3ª geração), na quarta geração a avaliação é vista como negociação. Como complemento a este processo, os autores Robinson Tenório e Uaçaí de Magalhães Lopes introduzem outro conceito que estende essa ação avaliativa: a melhoria do processo. Nesta nova etapa, a concepção de avaliação é vista como um compromisso com a sustentabilidade. Levando em conta que cada etapa do processo avaliativo seguinte complementa a anterior e que estas não são conceitos independentes, esses mesmo autores propõem uma nova terminologia para o conceito de geração: a dimensão. Considerando que “avaliar é o diagnóstico para a tomada de decisão com vistas na melhoria do processo” (p. 65), os autores elaboraram um mapa conceitual que permite uma melhor compreensão dessas etapas:


Fonte: TENÓRIO; LOPES, 2010: p. 65

No paradigma da sustentabilidade, os autores propõem alguns complementos no que diz respeito à ontologia, à epistemologia e à metodologia. Ao passo que no paradigma construtivista a ontologia é relativista, na qual admite realidades múltiplas definidas dentro de uma construção em que existia consenso, no paradigma da sustentabilidade a ontologia é ecológica: há realidades múltiplas e os conceitos são construídos não só socialmente, mas também através de indivíduos complexos. O avaliador, nessa quinta dimensão, avança para além do papel de controlador, colaborador e observador passivo: ele passa a ser um ator êmico, que inclui o sujeito na mudança da decisão sendo este responsabilizado. A epistemologia, na crença construtivista, é subjetivista monista, na qual as criações são efetivadas pelo investigador e investigado através de uma inter-relação. Já na crença da sustentabilidade, não existe um investigador e um investigado, mas sim a avaliação realizada através de uma complexa “relação indivíduo/mundo, que estão interligados em redes muitas vezes não claras”. (p. 69). Na metodologia da crença da sustentabilidade, aquela não é apenas hermenêutica, envolvendo uma continuidade, interação dialética, análise crítica e reanálise, como na crença construtivista; ela, além disso, mantém um compromisso com o resultado alcançado.
Com a inserção dessa nova dimensão, o planejamento da avaliação passa a assumir um compromisso com os interessados e a sociedade, não apenas exigindo um diagnóstico e uma decisão, mas também um comprometimento com a sustentabilidade dos resultados.

Referência:
TENÓRIO, Robinson Moreira; LOPES, Uaçaí de Magalhães (orgs). Avaliação e gestão: teorias e práticas. Salvador: EDUFBA, 2010.