José Eustáquio Romão traz em seu livro Avaliação dialógica: desafios e perspectivas, um capítulo intitulado “O que é avaliação”, no qual há visões de autores consagrados que estudam a avaliação da aprendizagem. Para Romão, em cada conceito de avaliação existe uma concepção de educação. O autor questiona: “Então, haveria tantas concepções de educação quanto são seus formuladores?” (2005, p.56) Vejamos as definições escolhidas por Romão:
Essa concepção reflete uma maneira de pensar classificatória, na qual a avaliação é tida como julgamento de valor, tendo por base, padrões consagrados, tomados como referência. Sua postura é positivista, mas Romão considera que “sua obra é preciosa no sentido do tratamento técnico que emprestam aos instrumentos de medida e de avaliação”. (Romão, 2005, p.56).
Assim como Bradfield e Moredock, Haydt compartilha de uma visão tradicional. Se reporta à avaliação classificatória, à técnicas de construção de testes e provas.
O fragmento do texto de Sandra Zákia Lian Sousa nos mostra que a autora se preocupa em não ser conservadora, fazendo um redirecionamento nas questões do julgamento e na classificação existentes nas outras visões. Ela fala de diagnóstico e da formulação coletiva do processo avaliativo, porém não desenvolve o grau de socialização desse coletivo, como também não qualifica o projeto alvo de aprendizagem dos alunos.
“De acordo com a autora, para que a avaliação não se enquadre no universo das 'tradicionais' basta que ela seja apenas instrumento do processo de tomada de decisão dos “agentes escolares”, que trabalham um projeto pedagógico coletivamente formulado e que se comprometa com a aprendizagem dos alunos” (Romão, 2005, p.57).
A avaliação consistirá em estabelecer uma comparação do que foi alcançado com o que se pretende atingir. Estaremos avaliando quando estivermos examinando o que queremos, o que estamos construindo e o que conseguimos, analisando sua validade e eficiência (= máxima produção com um mínimo de esforço) (Sant'Anna, 1995: 23-4).
Percebemos que a teoria de Ilza M. Sant'Anna não possui uma definição concreta entre avaliação diagnóstica ou classificatória, já que, ao mesmo tempo, a autora se preocupa com 'validade'; 'eficiência' e com a formulação de padrões de referência de desempenhos registrados pelos alunos, que considera dependentes das decisões dos agentes envolvidos no processo da avaliação.
Sobre Luckesi, Romão diz o seguinte:
“Os trabalhos do Professor Cipriano C. Luckesi já vinham sendo considerados como verdadeiros “clássicos” da avaliação brasileira, pois, como ele próprio confessa na coletânea que reuniu a maioria deles, seu pensamento, neste particular, evoluiu das posições mais “tradicionalistas” e “conservadoras” até as mais “avançadas” (preocupadas com o caráter apenas diagnóstico da avaliação). Muito embora sua contribuição seja inestimável, especialmente no que diz respeito ao que poderíamos denominar uma verdadeira “teoria do erro”, pensamos que o Professor Luckesi peca – como os pedagogos e pensadores mais recentes e preocupados com a superação da teoria “tradicional” - pelo excesso de desconsideração dos aspectos positivos das teorias classificatórias”. (Romão, 2005, p. 58).
Segundo Romão, as definições de avaliação se dividem em dois grandes grupos, referentes às concepções antagônicas de educação: visões positivistas ou dialéticas. Conforme o autor, se a visão é positivista,
“forçosamente construiremos uma teoria da avaliação baseada no julgamento de erros e acertos que conduzem a prêmios e castigos, no caso da segunda, potencializaremos uma concepção avaliadora de desempenhos de agentes ou instituições, em situações específicas e cujos sucessos ou insucessos são importantes para a escolha das alternativas subsequentes”. (2005, p.58).
Percebemos que na visão positivista existe uma problemática na premiação ou punição a depender do desempenho do indivíduo, pois, se este não obteve sucesso na sua atividade e ainda a isso foi acrescentado uma punição, o indivíduo, provavelmente, não terá estímulo para refletir sobre seu “erro” e se dedicar para a melhoria do seu desempenho. Já na visão dialética, o estímulo está presente e tanto os erros quanto os acertos são importantes para esse processo de aprendizagem. Acreditamos, portanto, que esta visão seja a mais adequada, se não quisermos, como resultado do trabalho docente em sala de aula, alunos mumificados, apáticos, depósitos de conhecimento alheio. O professor que trabalha com a referida concepção, percebe que o conhecimento deve ser construído, gradativamente, em um processo de ensino-aprendizagem, que, não necessariamente parte apenas do educador para o educando. Aquele que está à frente da sala de aula deve, pois, considerar os procedimentos, os instrumentos e as estratégias usadas pelos alunos para aceitar ou rejeitar os conhecimentos trazidos. E a partir daí pensar, junto com a turma, maneiras de melhorar o processo que já está em andamento. Na próxima postagem, veremos a concepção de avaliação do professor Tenório, que defende um tripé que sustenta esse processo: o diagnóstico; a tomada de decisão e a melhoria do processo. Vocês não perderão por aguardar!
Referência:
ROMÃO, José Eustáquio. Avaliação dialógica; desafios e perspectivas. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2008